segunda-feira, 28 de julho de 2008

Datas

Salvador Dali


Sentada num banco, e um dia sol. Observo a banca de jornal e ao lado uma praça, um tempo remoto e parece tão calmo quanto perdido. Pensamento flutua.
Datas e ocasiões não me vêm. Mas lembro de uma tarde.
Entro numa loja, com o presente nas mãos, um par, não coube e ainda precisava da gravação. A mulher sorria para mim, estava sozinha. Ela disse exatamente:
- Qual a data?
- 19/10/2005
Impressionante como no ano de 2008 ainda me lembrava daquela data – comemorada tantas outras vezes.
Perdida num tempo. Não recordo a data que acabou exatamente. As pessoas perguntam: quanto tempo faz que terminou – não lembro – se terminou antes mesmo de acabar, ou se terminou quando ouve um chega, basta.
Se houvesse uma situação contraria e tivesse que devolver o anel, e junto viria uma placa de “encerramento” a qual um brinde, uma caixa para guardar "datas de encerramamento" que nunca seria aberta A moça da loja perguntaria: Qual a data?
Diria: hum ... deixa eu pensar !!! ... coloca sem data, e sem horário por favor. Eu jamais teria resposta, de pronto assim.
È triste saber que o tempo está em nossas mãos. E não teríamos resposta para comemorar um monte de outras coisas.
Como exemplo, ir ao ginecologista, ele pergunta: “qual a data da última menstruação”. Não existe pergunta tão absurda como essa, para mim é algo sem sentido, mesmo porque eu nunca lembro e sempre invento uma.
Mas voltando, talvez aquela tarde simbólica, com o sorriso da atendente, e as perguntas, fosse a placa que levaria para casa e colocaria numa caixa jamais aberta. Poderia até dar um nome – caixa de pandora. Mas ainda lembro, na saída da loja, a atendente dizendo com palavras cantadas e em bom tom.
- Felicidades.

Lá fora, penso, felicidades! Por que não um “volte sempre”, ou leve um cartão e volte para comprar outras alianças, ou até um “seja bem vindo”.
Não foi apenas “Felicidades”.

Um comentário:

Vitor Giglio disse...

...pois a felicidade o tempo leva...e traz de volta...