quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Sinal Fechado


O texto abaixo eu fiz para uma aula na faculdade, a professora pediu para que nós ouvíssemos a música “Sinal Fechado” do Paulinho da Viola e depois fizesse uma narrativa livre a partir desta música.

A minha narrativa foi esta

Vamos ao texto!




A vida de João

Na década de 60 nascia à verdadeira São Paulo dos negócios e oportunidades, com poucos bondes nas ruas, mas ainda sim pessoas bem vestidas, o centro da cidade ainda era um lugar para encontrar bares cheios e bons lugares para procurar empregos, muitos associavam a nova Paulicéia a um lugar para oportunidades.

Os nordestinos migravam procurando empregos. Assustavam- se com a deselegância dos paulistanos e suas manias, era o inicio da “dura poesia concreta de tuas esquinas” , a qual São Paulo representava. Explodiria também nessa década “Os Mutantes” música local e nem todos que chegavam ali conheciam.

E o senhor João mal sabia o que espera a cidade tão sonhada, vindo do interior da Bahia, cidade de Teixeira de Freitas, cidadela esquecida pelo turismo até hoje, sem litoral, lá ele era bóia fria trabalhava numa plantação de cana de açúcar, ganhava pouco. Deixou a família e viajou mil e quinhentos quilômetros com a promessa de uma melhor vida na cidade de São Paulo. Depois iria buscar a família, quando estivesse “bem” de dinheiro.

No ônibus já sentia falta do chamego de sua mulher e das lembranças de sua companheira de trabalho Dona Ipiranga.

A Dona Ipiranga era uma mulher formosa de curvas delineadas, nem o tempo nem os maus tratos do sol estragaram sua bela face, era ousada, e respeitada na plantação, dizia sempre “vou-me embora para São Paulo, aqui não é meu lugar não, lá eu sei, terei muito mais”.

João ouvia as histórias de Ipiranga que tinha uma irmã que morava na cidade grande - se comunicavam por cartas, não eram cartas bem elaboradas e escritas, porque ela e sua irmã tinha estudado até a quarta série. A vida era difícil e estudar além de ser longe, era bobagem, tinha mesmo é que trabalhar para ajudar em casa.

Seu João gostava de ver aquela mulher falando e trabalhando, cortando cana. Certa vez se atracaram no meio do mato - senhor João gostava da sua esposa, mas se apaixonou por Ipiranga.

Na plantação comentavam os companheiros de trabalho, que ele ia mesmo para São Paulo não era para emprego não, era para procurar a mulher de curvas bem feitas.

Na sua chegada à São Paulo ficou parado e confuso, saiu da rodoviária e começou a olhar aquele monte de janela uma cima da outra – não imaginava que o nome das janelas empilhadas era prédio.

Pensava “ Oxe que negócio é esse meu Deus do céu”. Assustado pensou em voltar para casa ali mesmo, sem ao menos dar um passo a mais para frente. Teve coragem quando lembrou –se de Ipiranga, e seguiu em frente.

João não sabia ler!

Sem entender o endereço da mulher que procurava, perguntou com o seu sotaque arrastado à um homem que passava apressado vestido com roupas estranhas, o homem respondeu “ ah nordestinos o que vem fazer na minha cidade” e foi embora, senhor João ficou chateado e chamou de mau gosto a roupa e de mau educado, não encarou aquilo como realidade, achou que fosse sonho, mas a felicidade da mulher era tão esperada, que logo aceitou sua condição e a feia fumaça que via.

Caminhou pelo centro sem rumo algum e com muito medo das pessoas que passavam apressadas, até esbarravam nele, pensou que Ipiranga fosse louca contou tantas histórias e não parecia nada com que ela havia dito.

Pobre homem dormiu num banco nessa noite, no dia seguinte sua mala já não estava mais ali, mas o endereço ainda estava na sua mão. Dormiu dias no banco, e resolveu procurar um emprego, conseguiu numa obra lá mesmo no centro da cidade, morava longe dali, não esquecia da Ipiranga, e insistia em procurar sempre quando tinha folga, o endereço estava mal escrito, e nem seu chefe entendia direito os garranchos da mulher.

Ele acreditava em destino, e tinha fé que seria o Senhor os unir novamente.

Certo dia ia saindo de uma obra, que ficava num extenso cruzamento da cidade, os carros passavam para todos os lados, avistou uma bela mulher do outro lado e logo o coração começou a bater, palpitar, ele sabia que era ela mesma.

Ficou feliz em vê-la do outro lado, minutos depois ela também o percebeu, o sinal estava fechado e havia muitas pessoas indo para casa naquele horário, não dava para ficarem olhando olho no olho, muitos ônibus impediam de vê-la.

Ele fez sinal para Ipiranga ficar parada ali mesmo, e ela gritou “não eu vou até ai” ele obedeceu fico ali na espera. Ela vindo num belo caminhar de vestido, quando chegou mais perto João entrou em desespero vendo a mulher grávida.

Ele contava rapidamente (1, 2, 3, 4 meses....) Quanto tempo faz que não a vejo?
Perguntou:

- O que aconteceu com você mulhe, está grávida?
- João que bom te ver achei que nunca mais iria te encontrar que saudades meu amor
- Você está casada! O Filho é meu?
- Não João. Não estou casada, e o filho não é seu
- Como não, está grávida, arrumou filho como?
- Eu explico: João trabalho numa casa
Baixinho disse
- De noite, sou mulher da vida, os home me paga e dorme comigo, e agora eu to grávida.
- Quem é o pai então?
- Eu não sei

João olhava-a assustado! A cidade desabava ali mesmo, nela.

Ipiranga estava de oito meses quando a bolsa estourou, não era para nascer naquele mês, João não entendia.
Ela sentia muitas dores ali mesmo no meio da conversa. As pessoas passavam de um lado para outro - umas curiosas pararam para ver a mulher dar a luz ali mesmo no cruzamento – não havia tempo para ir ao médico. E no meio de tanta poluição e sujeira das ruas do centro nasceu uma menina.

O parto foi o João mesmo que fez com a mão ainda suja de cimento (sem saber como é que se fazia um parto), mas Ipiranga não agüentou e morreu em seguida logo após o primeiro choro da pequena, as más condições para o parto facilitou a sua morte.

João indignado com a situação quis ser indenizado pelo Estado, a mulher amada não teve assistência foi tratada como um bicho, e ainda tinha que cuidar da pequena Aurora, nome que escolheu por causa do fim da tarde daquele dia.

A história ficou conhecida pelos jornais e pelos paulistanos. O Estado comunicou que não poderia indenizá-lo, mas perguntou se João aceitasse como forma de desculpa o nome das avenidas (o cruzamento) como homenagem à ele, a filha e sua amada.
Ele concordou, “é muito prumo ver meu nome numa avenida juntinho com minha amada, e sua filha”.

Pensaram em várias possibilidades com os nomes.

Mas chegaram a conclusão.

Pensaram então colocar o dele como nome de rua. Rua João Francisco, Avenida Ipiranga da Costa e Avenida Aurora de Paulo.

João não gostou, e complementou “tem que ser simples para todo mundo lembrar, quero ficar perto dela como nunca fiquei”. “Então coloca em vez de avenida Senhor João, coloca avenida São João e avenida Ipiranga, e a pequena fica com a rua Aurora .

João com setenta e seis anos conta com orgulho a história do seu romance e ainda tem orgulho de dizer que um compositor famoso o conheceu e até fez uma música em sua homenagem. Quando há visitas em sua casa ele coloca para todos ouvir “Sampa” de Caetano Veloso.





Bárbara Pinheiro

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Prazer, me chamam de Crise!


Prazer a todos, não tenho formas (cof-cof) desculpem me associei a uma, porque? Me colocaram com o artigo “A”, virei feminino.

Depois me analisaram, eu já conheci até o Freud. Ahhh Freud você gostava de mim, talvez o único que disse, que era muito bom me enfrentar, para superar outras coisas. Que saudades tenho dele (suspiros)!

Mas eu sou uma pessoa boa, difícil de identificar, não sei as outras pessoas tem a mania (uff) de assemelhar minha personalidade com a do Problema, faz favor neh, eu sou a Crise. E Crise é Crise, problema é problema.


Eu nem sei minha idade exata, e olhem não estou velha não, estou inteira, mas sei que venho de longa data (a expêriencia faz uma mulher), adoro acabar com relacionamentos amorosos e casamentos felizes, ahh eu gosto muito disso, agora fico brava quando eles me identificam e me enfrentam, ahh fico muito brava. (ao contrario que você possa estar pensando, não sou invejosa, só cumpro minha missão).


Já conheci até alguns poetas famosos (risos) esses são meus prediletos eles mal me conhecem, e não gostam de me enfrentar, se entregam a mim (orgulho).


Gosto também de amizades, aquelas que são para “sempre”, quando isso acontece eu fico muito contente. - Espere eu não sou má, só tenho personalidade!


Não temam algo que não se pode ver e mal pode-se sentir, eu sou lenta, chego com glamour, chego devagar, por isso tanta análise, se tivesse voz seria aveludada, falaria baixo e bem lentamente.


Gosto também de políticos, adoro ver a careira deles sendo guiada por mim. Sou tão fácil de lidar, mas eles também são os que mais gostam de me enfrentar (brava) não gosto disso, apesar de que .... sempre é bom o desafio, que as vezes me leva para o auge.


Sabe quem eu já conheci nessa minha carreira desenfreada e esquecida algumas vezes, Maquiavel (suspiros), ele era um gentleman comigo, uma época quase me casei com ele.


Mas de tudo isso gosto mesmo é de dinheiro, adoro dinheiro, sou vaidosa, e gosto de prestígios, dizem por ai “ aqui a Crise não entra”, isso me deixa com sede de vingança, entro onde eu quiser, (mudando de humor) gosto também daqueles que dão adjetivos tipo A Crise Financeira, ahhh adoro esses homens que falam isso de mim – estou lisonjeada por isso. Agora, queridos, eu não sou confusa como pensam, sou rasteira e esperta (claro inteligente).


Confusa (raiva), confusos são vocês, me analisam, me estudam, falam de mim em reunião e reuniões, e não resolvem nada, e eu aqui sozinha controlo tudo!!! Como é bom terem medo de mim, porque só assim eles contam com minha ajuda (cof-cof), ajuda não, o prazer da companhia, e assim vou controlando tudo.